segunda-feira, 23 de agosto de 2010

É tempo de partido

Quando chegar o tempo em que eu puser-me a falar de partido, haverá quem pergunte se falo do coração.

Responderei então, com o mesmo tom tranquilo que minha voz costuma ter, que sim. Falo do coração, porque afinal, falo de lutas, falo de sentimentos e falo, principalmente, de necessidades reais que eu e minha classe temos cotidianamente. E falar do coração deve ser motivo de orgulho porque pulsam em nossas veias as cores da revolução quando são de amor os sentimentos que nos movem.

Ao longo de uma estrada que me pus a trilhar nos últimos cinco anos, experienciar novas relações como a construção de um coletivo, a militância no movimento estudantil e as caminhadas junto aos movimentos sociais, fizeram-me vislumbrar a transformação e a vitória como possibilidades e a luta e a organização como necessidades.

E quando organizar-se faz necessidade e a consciência avança para níveis bastante distantes de onde um dia esteve, reconhece-se a importância de sair em defesa de um sistema de reivindicações transitórias entendendo que estas fazem parte da construção de um projeto mais amplo de sociedade.

Assim, encontrei um partido que defende um programa socialista para a educação, a saúde, a moradia, que trata a destruição ambiental e as opressões de machismo, racismo e homofobia como questões a serem combatidas, que fala sobre a necessidade de redução da jornada de trabalho e que entende a juventude e os trabalhadores como protagonistas no processo de transformação.

Encontrei-me em um espaço onde a solidão para atuar não mais há porque companheiras e companheiros fizeram-se camaradas, porque os vazios fizeram-se presenças e as necessidades de formação e de atuação vêm sendo supridas dia após dia em companhia daqueles que têm o centralismo democrático como sinônimo de confiança, disciplina e, sobretudo, coerência.

"Fizeste-me ver a claridade do mundo e como é possível a alegria.
Fizeste-me indestrutível pois contigo não termino em mim próprio".
(Ao meu partido, Pablo Neruda)

Quando lembrei-me que Pablo Neruda havia dedicado ao seu partido estas palavras, senti uma igual vontade de expressá-las ao organismo de que hoje faço parte. E assim, uma vez que a vontade fez-se necessidade, devo então dizer, de coração inteiro, que o tempo de partido é enfim chegado.

*Ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (Pstu) pelo tempo de aspirância e início de minha nova militância).

por Camila Chaves (juventude Pstu/MA)

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