domingo, 27 de março de 2011

Rap em solidariedade aos 13 do Rio

O grupo de rap maranhense Gíria Vermelha compôs um rap em solidariedade aos primeiros presos políticos do Governo Dilma.No total 13 ativistas, entre eles 9 militantes do PSTU ficaram presos sem prova alguma contra eles após protesto contra a visita do presidente americano Barack Obama.


A cobertura completa dos protestos na visita de Obama confira em nosso site: www.pstu.org.br


Abaixo segue letra e vídeo do rap "Os 13 do Rio".



"OS 13 DO RIO" - GIRIA VERMELHA



Me diz quem é bandido me diz quem é delinqüente? / quem oprime o mundo ou que protesta presidente?/ você mandou minha gente pra Bangu e Água Santa/ racistas na bajulação de um preto de alma branca/ Dilma que vergonha, Cabral que vergonha/ “Bigbrotherdeou” o Rio pra fazer graça pra Obama/ Governo AI-5 que bota venda nos olhos/ Obama veio pra cá de olho no nosso petróleo/ subiu o Corcovado pra fazer média com a mídia/ de dentro do Planalto mandou invadir a Líbia/ lição seguida a risca do mestre Mubarak/ na escola “Mão de Ferro” do diretor Kadafi / menina obediente né Dona Rousseff?/ teu autoristarismo só serve aqui pra plebe/ Obama humilhou tua polícia, tua gang/ no espaço aereo do Rio Janeiro só ianque/ cacetetes em punho balas de borracha/ manifestantes presos, cabeças raspadas/ quem bajula a burguesia ao povo só impõe terror/ inocenta Sarney e prende a vovó tricolor/ o amor pelo povo guia nossas caminhadas/ pelo morro, favela , pelas ruas e praças/ o que se passa? vocês tem medo do vermelho?/ das bandeiras que empunham companheiras, companheiros.



http://www.youtube.com/watch?v=0mBHbubsKGU


sábado, 26 de março de 2011

Basta de Oligarquia! Fora Roseana Sarney!

Segue nota do PSTU sobre a atual conjuntura maranhense.


A heróica greve dos educadores da rede básica estadual já tem mais de vinte dias enfrentando a mídia patrocinada pela Oligarquia Sarney e a Justiça que tentam jogar pais e alunos contra as justas reivindicações da categoria. A categoria se mantém firme em todo o Estado mobilizada e denunciando o caos da educação pública no Maranhão e a ela se juntou também os policiais civis em greve desde o dia 22.

Neste momento Roseana está mergulhada em um mar de lama que já atingiu colaboradores diretos como os ex-superintendentes do INCRA Raimundo Monteiro e Benedito Terceiro envolvidos em desvio de verbas do instituto. Além disso vários setores do governo estão sob suspeita de fraudes em contratos e desvio de recursos.

O mensalão da FAPEMA, escândalo que mostrou o uso de bolsas de incentivo a pesquisa para pagar aliados políticos na última eleição deixou mais evidente que a governadora Roseana Sarney (PMDB) e seu vice Washington Luís (PT) estão inteiramente envolvidos em todas estas bandalheiras.

O quarto mandato de Roseana Sarney foi obtido à custa de muito abuso do poder econômico e político e as suspeitas de fraude eletrônica se mantêm até hoje. Agora Roseana tem que retribuir o apoio dado pelo empresariado e o latifúndio, seus principais financiadores de campanha, condenando os maranhenses a viver em um estado de miséria e violência.

É exatamente no “melhor governo da vida dela” que o Maranhão é atingido por um terremoto social de proporções imensas que vão desde os conflitos e mortes no campo, como de Flaviano Neto da comunidade quilombola do Charco, rebeliões e carnificinas nos presídios, paralisia nas obras do PAC do Estado com suspeitas de desvios de recursos, caos no sistema de saúde e a não realização do concurso público previsto desde o ano passado.

O protesto chamado pelo PSTU realizado na internet (Twittaço) foi só o primeiro passo. Ao colocar a campanha pelo Fora Roseana entre os assuntos mais comentados na rede ficou demonstrado que há uma vontade muito grande não só dos maranhenses, mas de todo o Brasil de dar um basta nesta Oligarquia que condena o povo do Maranhão a viver em condições desumanas.

O PSTU faz um chamado a todos os trabalhadores a construir uma grande mobilização para derrotar os ataques de Roseana aos trabalhadores do nosso Estado . O PSTU se dirige a todas as organizações sindicais, camponesas, populares e estudantis e aos partidos comprometidos com as reivindicações dos trabalhadores para que, conjuntamente organizemos um ato público exigindo imediatamente Fora Roseana!

Nós do PSTU acreditamos que só a ação direta do movimento dos trabalhadores, a mobilização das entidades sindicais, estudantis e populares pode dar um basta na Oligarquia que condena o Maranhão ao atraso e à miséria. Todo apoio à greve dos educadores e dos policiais civis do Maranhão. É preciso lutar, é possível vencer!

São Luis, 25 de março de 2011
Direção do PSTU no Maranhão

segunda-feira, 14 de março de 2011

LIT-QI: Fora as mãos imperialistas da Líbia!

Pelo triunfo da resistência na Líbia, abaixo Kadafi!


• Muammar Kadafi está respondendo com violência militar à insurreição contra sua ditadura de 42 anos. A guerra civil desatada está provocando milhares de vítimas. Kadafi usa a artilharia pesada e a aviação contra as cidades e os bairros da capital, que ainda está em suas mãos. O ditador não está utilizando sua máquina militar só contra as massas que se armaram, mas também contra a população desarmada, ao melhor estilo de Hitler.

Kadafi ameaça várias cidades com bombardeios aéreos, caso não mostrem apoio incondicional a ele. Centenas de milhares de tunisianos e trabalhadores imigrantes de outros países estão fugindo do massacre. Apesar de sua brutal resposta, a insurreição tem tomado o controle de grande parte do país, e as milícias populares estão se dirigindo à capital Trípoli para expulsar o ditador, mas ele continua realizando duros contra-ataques. Não há nada definido, mas aparentemente Kadafi está perdendo a guerra.

IMPERIALISMO
O imperialismo esteve em silêncio por vários dias desde o começo da insurreição. Mas ao ver que Kadafi não conseguiria detê-la, pediu ao ditador para não usar mais a violência e negociar com a oposição. E só agora, quando vê que a insurreição pode triunfar, está propondo que ele deixe o poder para ser julgado.

A Líbia é um importante exportador de petróleo e gás, principalmente para a Europa e os EUA. Recordemos que o imperialismo, particularmente o europeu, sustentou por anos o regime de Kadafi. O ditador e sua família são parte da burguesia europeia, pois estão unidos a ela em múltiplos negócios. Em todos estes anos ninguém exigiu nenhuma medida de democratização nem que ele deixasse de reprimir e torturar.

Diante da força da insurreição, o imperialismo tem sido obrigado a se diferenciar de Kadafi, esperando encontrar uma solução negociada. No Egito o imperialismo tem seus colaboradores diretos no exército, que ficou intacto, e está tentando desmobilizar as massas para manter os pactos que unem o país ao imperialismo e assegurar a existência de Israel.

Ao se encontrar intacta a principal instituição do Estado burguês (o exército financiado há anos pelos EUA), o imperialismo não chegou a propor nenhuma intervenção armada no Egito. Além disso, ele percebe que no Egito a oposição ao regime não propõe a destruição desse exército. Ou seja, a situação egípcia é bem diferente da Líbia. Na Líbia o exército foi destruído. Parte dos soldados e oficiais desertou, passando para o lado da insurreição.

Não é uma divisão do exército onde há duas partes intactas. Ao lado de Kadafi, estão principalmente os mercenários estrangeiros com bons salários. A outra parte está dissolvida, os revoltosos. No lado da insurreição, milhares de pessoas tomam as armas do exército se organizando para acabar com a ditadura. A essas milícias armadas estão se unindo soldados e oficiais.

PERIGO PARA OS EUA
Políticos que ocupavam cargos no governo e diplomatas têm rompido com Kadafi. Muitos deles levaram toda a vida ao lado do ditador e só o abandonaram após a brutalidade de seu chefe diante das manifestações. Quando apareceram tentando montar um governo provisório, como fez o ex-ministro da Justiça de Kadafi, foram imediatamente desautorizados pela resistência.

Eis o verdadeiro problema enfrentado pelo imperialismo: a revolução pode derrubar Kadafi, destruir o exército, o povo se armar, mas não há clara oposição burguesa pró- imperialista.

Nestas condições, uma vitória das massas põe em perigo todo o controle imperialista de uma região sacudida pelo turbilhão revolucionário. Por isso, o imperialismo começou a intervir. Se realmente o imperialismo desejasse ajudar a resistência, teria entregado armas a ela. Mas o que o imperialismo quer é impedir o triunfo das massas líbias e impedi-las de controlar o país. O repúdio internacional ao massacre de Kadafi é utilizado pelo imperialismo para justificar uma intervenção armada.

Esta intervenção militar já começou: barcos de guerra dos EUA estão situados na costa da Líbia. Obama e Clinton estão planejando o fechamento do espaço aéreo do país em nome da ONU. Isso significaria que os aviões da Otan poderiam entrar na Líbia para destruir a aviação com o argumento de “proteger” a população civil de bombardeios.

O imperialismo, principalmente os EUA, começou a fazer declarações chamando a comunidade internacional a intervir para evitar um banho de sangue. Também está agitando o fantasma de que a Al Qaeda possa controlar zonas do país – mesmo argumento usado por Kadafi. Com essas declarações o imperialismo quer justificar o envio de soldados da ONU para “garantir a paz”.

Portanto, a ocupação da Líbia não está descartada e pode se utilizada num cenário de uma longa guerra civil neste país, ou quando Kadafi cair e a crise levar a um vazio de poder. Caso o imperialismo consiga levar a cabo uma ocupação, a Líbia poderá ser uma nova colônia como é o Haiti, hoje controlado por tropas a serviço do imperialismo.

Frente à intervenção militar imperialista na Líbia devemos saudar a iniciativa da resistência, que deixou claro que não vai aceitar nenhum tipo de intervenção. Em Bengasi, quando a resistência escutou as declarações de Hillary Clinton, grandes cartazes apareceram dizendo que não querem a intervenção dos EUA.

Para acabar com Kadafi os líbios podem e devem contar com a ajuda de todo o povo árabe, antes que o imperialismo possa intervir para impedir sua vitória. Há uma grande solidariedade vinda da Tunísia e do Egito. Agora é necessária a insurreição, além de alimentos e medicamentos, e também armas e munições para que se organizem milícias armadas árabes, desde o Egito e a Tunísia, para combater junto a seus irmãos líbios.

REPUDIAR INTERVENÇÃO

O triunfo da revolução na Líbia vai ser uma grande vitória da revolução árabe, que dará novo impulso às revoluções em curso e seguramente produzirá novas mobilizações em outros países. Pelas suas características, bem mais profundas ao destruir ao exército, a revolução líbia pode impulsionar a revolução árabe, pondo em questão o controle imperialista da região e, especialmente, os governos e regimes que tentam estabilizar seus países depois da queda dos ditadores.

Os trabalhadores e os povos do mundo devem estar ao lado da revolução líbia, contra a ditadura de Kadafi, e impedir que o imperialismo possa invadir este país. É necessário desmontar a campanha realizada nos países imperialistas que tenta justificar uma intervenção militar. É preciso se mobilizar contra os governos que preparam os planos de ocupação.

Devemos nos mobilizar em todos os países contra os planos imperialistas de derrotar a revolução do povo líbio!
Pelo triunfo da resistência!
Viva a revolução líbia!

sábado, 12 de março de 2011

Secretaria de Negros e Negras do PSTU lança nova revista *


A segunda edição da revista Raça e Classe já está à venda. Você pode adquiri-la com qualquer militante do PSTU. Leia abaixo a apresentação da revista




• Apresentamos a segunda edição da revista Raça e Classe. Com ela queremos fazer que nossos leitores, militantes sociais, sindicais e da juventude, reflitam e aprofundem os estudos sobre o papel estratégico da questão racial e do marxismo nas lutas da classe trabalhadora.

A revista Raça e Classe foi elaborada pelos militantes da Secretaria Nacional de Negros do PSTU. Nosso objetivo é fazer que sonhemos juntos essa realidade nas lutas cotidianas nas lutas sindicais e populares. Queremos mostrar que é possível germinar idéias que fortaleçam a concepção de raça e classe contra os patrões e os governos de plantão, na ruptura com a sociedade de classes capitalista que explora e oprime homens e mulheres.

Nesse sentido, apresentamos também um artigo de James Patrick Cannon, um importante trotskista norte-americano e fundador do Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP, na sigla em inglês). Cannon escreveu sobre como as experiências da Revolução Russa influenciaram o movimento negro dos Estados Unidos. O artigo é produto de debates entre militantes do SWP com Leon Trotsky, dirigente da Revolução Russa de 1917 e da Quarta Internacional. Suas consequências práticas e teóricas estiveram presentes no levante dos negros e negras dos EUA na década de 1960, que mudaram o curso do combate ao racismo nos EUA e também aqui no Brasil.

Hoje através das lutas diretas podemos atualizar o programa revolucionário, fortalecendo a teoria e uma práxis que avance no sentido de organização de base de toda a classe trabalhadora negra e branca. A presente revista inclui o povo negro nesta construção revolucionária do mundo.

Aqui no Brasil, país que mais recebeu africanos transformados em escravos, juntamente com os povos originários indígenas, a luta negra tem um significado especial. Nosso país é a segunda nação com maior população negra do mundo. Os negros e negras compõe a maioria da classe operária e camponesa do país, e devem se libertar por meio de sua luta da ideologia racista do capital, que divide nossa classe para auxiliar os patrões a explorem os trabalhadores. É possível lutar e criar uma consciência de raça e classe, que unifique os trabalhadores para lutar pelo socialismo. Devemos também denunciar a violência contra as mulheres e o extermínio de nossos jovens negros e negros nas periferias das grandes cidades.

Nessa edição também apresentamos artigos referentes à luta do povo haitiano contra a ocupação militar da ONU, liderada pelo Brasil; um artigo sobre a violência do tráfico e da polícia no Rio de Janeiro; artigos referentes a educação e a questão racial na sala de aula e um artigo sobre os 100 anos da Revolta da Chibata.

Hoje assistimos os novos rumos na conjuntura mundial, marcada pela revolução egípcia, mas também pela crise econômica mundial.

Para salvar o capitalismo, os governos capitalistas tentam aprofundar os planos neoliberais, provocando a retiradas de direitos, demissões e miséria. Essa política vai, inexoravelmente, levar ao aumento do racismo, machismo, homofobia e da xenofobia para todos os trabalhadores. Esperamos que a revista Raça e Classe possa preparar os trabalhadores, negros e negras em especial, para enfrentar os desafios que virão.

* SECRETARIA NACIONAL DE NEGROS E NEGRAS DO PSTU

Governo aprova lei para aprofundar cooptação de dirigentes e sindicalistas *

Representantes dos trabalhadores nas estatais terão salário extra e não poderão votar sobre temas trabalhistas

DA REDAÇÃO

• A cooptação dos dirigentes sindicais foi uma marca do governo Lula, mas não terminou com ele. A briga em torno do reajuste do salário mínimo pode ter dado a falsa impressão que o governo Dilma entrava em rota de colisão com as centrais. Mas Dilma demonstra seguir a estratégia de seu antecessor e toma medidas para reforçar ainda mais a cooptação de dirigentes sindicais ao Estado.

Nesse dia 11 de março o governo regulamentou, durante cerimônia no Palácio do Planalto, uma lei aprovada no final de dezembro do ano passado. A portaria assinada pela ministra do Planejamento Miriam Belchior detalha a lei que garante um lugar aos trabalhadores nos conselhos de administração de empresas estatais ou de sociedades mistas, ou seja, de empresas com capital público e privado, com mais de 200 funcionários.

De acordo com o ministério, 59 empresas criarão postos para receberem os novos conselheiros. Os representantes das principais centrais sindicais, como a Força Sindical, CUT, CGT e outras comemoraram a regulamentação da nova lei. O vice-presidente da CUT, José Lopez Feijó, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirmou à imprensa que “ter um representante nos conselhos de administração significa democratizar a gestão da estatal”. Palavras reforçadas pelo dirigente da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, que disse ser essa uma “antiga reivindicação nossa”.

Mas será essa uma medida que vai realmente aumentar o poder dos trabalhadores nessas empresas? Pela lei, esses novos conselheiros, definidos em eleições controladas pelos sindicatos e as empresas, não vão ter poder de voto em decisões que afetem diretamente os trabalhadores, como salário ou PLR. Ao mesmo tempo, terão um significativo aumento salarial. De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, um conselheiro do Banco do Brasil ganha R$ 3.606 por mês, enquanto na Eletrobrás esse valor chega a R$ 4.212.

Ou seja, uma vez na administração da empresa, esse conselheiro vai gerir a estatal juntamente com os representantes do governo e dos investidores. O salário extra e demais privilégios, por sua vez, vão aprofundar a burocratização desses dirigentes, que atuarão não em defesa dos trabalhadores, mas de seus próprios interesses.

No início de 2009, por exemplo, quando a crise econômica atingia em cheio o Brasil, a Embraer, embora tivesse entre seus principais acionistas a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, demitiu 4.200 trabalhadores. A direção do fundo de pensão, com assento no conselho da empresa, não impediu ou se voltou contra essa medida. Os próprios fundos de pensão são exemplos de como ocorre essa cooptação, com antigos dirigentes tornando-se gestores diretos do capital.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mulheres trabalhadoras em luta contra o machismo e a exploração



Dia Internacional de Luta das Mulheres

ANA PAGAMUNICI, DA SECRETARIA NACIONAL DE MULHERES DO PSTU

• O dia 8 de março é o Dia Internacional de Luta das Mulheres. A data foi criada em 1910, por iniciativa da socialista Clara Zetkin, em referência às 129 trabalhadoras assassinadas da fábrica Cotton, nos Estados Unidos, em 1857.

Para as mulheres trabalhadoras, a data ganhou ainda mais sentido quando, em 8 de março 1917, as mulheres da Rússia saíram às ruas exigindo “paz, pão e terra” e ajudaram a detonar a revolução socialista no país.

A luta das mulheres hoje
A crise econômica mundial tem promovido uma escalada de ataques à classe trabalhadora, particularmente às mulheres. Em 2008, nos EUA, a contratação de trabalhadoras pelas montadoras de automóvel, em condições de precariedade e com menos direitos, tornou-se fundamental para amenizar os efeitos da crise. Na França, em 2009, o aumento da idade para a aposentadoria e a retirada de direitos dos servidores públicos também serviram para apressar uma recuperação parcial do capital, mas os conflitos continuam.

O que está em curso é uma política internacional de mudanças nas relações de trabalho, uma tentativa de estabelecer uma enorme precarização do trabalho (como na China) no mundo todo, em que os trabalhadores possam ganhar menos e os patrões, mais.

Os efeitos da crise também promoveram em escala mundial o aumento dos preços dos alimentos e o desemprego. As mulheres são as mais afetadas pelos efeitos da crise, pois representam quase 40% da população economicamente ativa, ganham os menores salários e são quase 70% dos mais pobres do mundo.

No Brasil, a crise internacional ainda não teve os mesmos efeitos. Mas o atual ciclo de crescimento não resultou em uma melhora de vida para as mulheres. É o contrário. O governo sustenta o país com o aumento da exploração dos trabalhadores. Contratam-se pessoas, mas os salários estão menores, com menos direitos. As mulheres são utilizadas para regular o preço da mão de obra, porque são mais “baratas” e ganham até 30% menos que um homem para uma mesma função. Isso piora muito quando falamos das mulheres negras.

O aumento dos preços dos alimentos, da tarifa de transporte, de energia e, de modo geral, da carestia de vida em nosso país tem colocado maiores dificuldades à vida das mulheres. De acordo com os dados da PNAD (2010), no Brasil, as mulheres são a maioria da população (52%). Também estudam mais que os homens, mas estão nos postos de trabalho com menor remuneração.

A eleição de uma mulher à Presidência
A eleição de uma mulher à Presidência da República e, com ela, o aumento da presença feminina nos ministérios, não pode ser tratado como um fato menor. Estamos em um país no qual uma mulher é vítima de violência a cada dois minutos. E, a cada duas horas, morre uma vítima dessa violência. O Brasil é um dos países mais atrasados em direitos e avanços mínimos em relação aos direitos da mulher. Eleger uma delas significa algo importante: que as massas expressam de maneira distorcida o sentimento e a esperança de ver mudanças. No caso de Dilma, como a continuidade de Lula.

Mas os fatos vão demonstrando o que as ilusões ocultam. Dilma foi eleita num contexto de grande retrocesso na consciência. Uma eleição fria, em que predominaram aspectos conservadores e de adaptação à ordem estabelecida. Seu primeiro (des)serviço às mulheres foi ter transformado em moeda de troca uma bandeira histórica das trabalhadoras, a luta pela legalização e descriminalização do aborto. Com a chamada Carta ao Povo de Deus, ignorou as inúmeras que morrem todos os dias vítimas de procedimentos mal sucedidos e se dirigiu à população para se comprometer com os setores que lucram com a não-legalização do aborto. Lembremos que o aborto é proibido somente para as mulheres trabalhadoras, pois as mulheres burguesas têm dinheiro suficiente para pagar pela intervenção em uma clínica.

Em seguida, sua primeira ação importante como governante foi impedir o aumento do salário mínimo. Dilma defendeu que o reajuste não poderia superar R$ 35 “para não quebrar o país”, mas se calou diante do aumento de 62% no salário dos deputados e de 133% para ela própria. Como pode uma mulher eleita com a promessa de melhorar a vida dos mais pobres e honrar as mulheres ser contra um aumento maior do salário mínimo?

Mas Dilma não parou por aí. Através da imprensa, o governo cogita a possibilidade de criar uma idade mínima para aposentadoria - dos homens para 65 anos e das mulheres para 60 anos. Dilma já cortou R$ 50 bilhões do orçamento, retirando dinheiro de áreas essenciais. Suspendeu concursos públicos, que são possibilidades de empregos para as mulheres. E sequer fez algum pronunciamento contra a violência que aflige as mulheres haitianas, vítimas de soldados brasileiros no Haiti.

Tudo isso mostra que não basta ter uma mulher à frente do governo para que os interesses das mulheres trabalhadoras sejam atendidos. Para o PSTU, a eleição da Dilma é a continuidade de um governo que não está a serviço das mulheres trabalhadoras. É uma grande aposta da burguesia, que se apoia na ilusão das pessoas para continuar explorando os trabalhadores.

Violência, direito à maternidade e machismo
A última pesquisa da Fundação Perseu Abramo mostra com clareza os índices de violência contra a mulher em nosso país. A cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas. A Lei Maria da Penha é insuficiente para resolver isso. Não prevê investimentos na construção de casas-abrigo e punição aos agressores. Mal a lei é aplicada e, quando o é, mostra não ser capaz de resolver a violência, que está ligada muito mais às condições de vida das mulheres.

O Estado também pratica essa violência quando se nega a garantir os direitos básicos às mulheres. O direito à maternidade é um deles. Enquanto o governo proíbe o aborto, não dá garantias para as mulheres que optam pela maternidade. A licença-maternidade de seis meses não vale para todas. Também não há creches para os filhos das mulheres trabalhadoras. Mais de 85% das crianças de 0 a 3 anos estão fora das creches.

Nas ruas, contra o machismo e a exploração
Neste 8 de março, vamos tomar os ensinamentos das mulheres árabes, que estão fazendo revoluções, e sair às ruas contra o machismo e a exploração. Precisamos construir grandes atos para demonstrar nossa força e unidade de ação para enfrentar os governos e patrões.

Lutamos por:
– Dobrar o valor do Salário Mínimo rumo ao piso do Dieese (R$ 2.227)!

– Salário igual para trabalho igual!

– Anticoncepcionais para não abortar. Aborto legal, seguro e gratuito para não morrer!

– Direito à maternidade: a) licença-maternidade de seis meses para todas as trabalhadoras e estudantes, sem isenção fiscal, rumo a um ano; b) creches gratuitas e em período integral para todos os filhos da classe trabalhadora.

– Pelo fim da violência contra a mulher! Aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha! Construção de Casas-abrigo! Punição aos agressores!

– Pelo fim da ocupação militar no Haiti. Fora as tropas brasileiras!

– Solidariedade e apoio às revoluções árabes!

sábado, 5 de março de 2011

Greve dos Educadores e Enchentes no Maranhão

Nota da ANEL Maranhão em apoio à greve dos professores da rede básica estadual

A ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes Livre) divulgou nota apoiando a greve dos professores do Estado iniciada a partir do dia 1º de março. A nota denuncia a Oligarquia Sarney: "Há mais de 40 anos o Estado do Maranhão está mergulhado numa oligarquia que aprofunda as desigualdades sociais, desmonta a educação pública, precariza os serviços de saúde, aumenta a pobreza e ataca os direitos trabalhistas dos servidores públicos estaduais."

Lembrou também das promessas da Governadora Roseana Sarney que durante a campanha falou que iria revolucionar a educação no Maranhão. Veja no site da CSP Conlutas a nota de apoio na íntegra:

www.conlutas.org.br/site1/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=5978

A tradição de luta dos educadores

No governo Jackson Lago (PDT), os educadores mostraram sua força derrotando a “Lei do Cão” assim chamada a Lei 8592/07 implementada pelo governador do Maranhão apoiado na época pelo PT e PCdoB. O projeto retirava direitos históricos do funcionalismo público estadual e, em particular, dos trabalhadores da educação superior da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e do ensino médio.

Relembre esta importante mobilização dos educadores do Maranhão na matéria de Luiz Carlos Noleto disponível no site do PSTU:

www.pstu.org.br/movimento_materia.asp?id=7282&ida=0

Solidariedade da Governadora???

"Viemos aqui trazer a solidariedade da governadora Roseana Sarney que, preocupada com situação, nos determinou implementar ações imediatas para minimizar o sofrimento das famílias que foram afetadas pelas enchentes”. Estas foram as palavras do secretário da Casa Civil, Luis Fernando em visita às areas inundadas na região do Mearim.

O governo mais uma vez não fez nada para evitar as tragédias que se repetem mais um ano em Trizidela do Vale. Nós do PSTU cobramos sim a responsabilidade da governadora com a situação. Isto significa fazer funcionar os programas de prevenção de desastres, melhorar as condições de vida dos trabalhadores, enfrentar a especulação imobiliária e construir moradias populares de qualidade.

Nenhum centavo para prevenir a tragédia

No dia 20 de janeiro o Governo do Estado criou o Comitê de Prevenção e Assistência às Populações Vítimas das Chuvas - CPAV com a finalidade de promover medidas de prevenção às tragédias da chuva.

Na época repercutia no país as enchentes no Rio de Janeiro e Roseana Sarney queria mostrar a "responsabilidade" com que enfrenta a questão e o espírito solidário com os cariocas enviando inclusive o helicóptero recem adquirido pela Secretaria de Segurança Pública.

Agora na véspera do carnaval a máscara da governadora caiu e as enchentes na região do Rio Mearim mostraram que o Comitê não saiu do papel. Nenhuma ação foi tomada pelo CPAV durante todo o mês de fevereiro conforme percebe-se no Portal de Transparência do Estado.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Twitaço organizado pelo PSTU do Maranhão coloca #ForaRoseanaSarney no topo do Twitter

do site do PSTU Nacional

O twitaço organizado pelo PSTU do Maranhão nesta terça foi um sucesso. os internautas conseguiram colocar a hashtag #foraroseanasarney no primeiro lugar dos Trending Topics, o ranking dos mais twitados.

A governadora Roseana Sarney (PMDB) e seu vice Washington Luís (PT) estão envolvido em escândalos de corrupção na Fapema e no Incra. Esse governo é a perpetração da oligarquia Sarney no poder em Maranhão, que foi comparada às ditaduras árabes nas mensagens postadas.

O twitaço teve adesão nacional. Afinal, quem não conhece a família Sarney? Recentemente, o pai da governadora, senador José Sarney, também teve a primeira posição no Twitter com a hashtag #forasarney. Leia, abaixo, algumas mensagens.

@TEOREFERENCIA passando aqui para também dá o meu #foraroseanasarney chega dessa gentinha ridícula no poder.

@rosengana: O #ForaRoseanaSarney passou 2 horas e 47 minutos entre os assuntos mais comentados do Twitter. Entrou exatamente as 20:14 h.

@pinheirothiago Por uma educação de qualidade e pela chamada dos excedentes do último concurso. #foraroseanasarney

@xicogoncalves: O movimento nasceu no Egito e fez eco na Rua do Egito, em São Luís do Maranhão: #ForaRoseanaSarney

@acordamanos P/ eu dormir em paz #foraRoseanaSarney#

@Pedro_Rebou "Revolução Jasmin" tb no Maranhão já! #foraroseanasarney

@ZonariaNoleto Deixando aqui minha contribuicao e indignacao com esse governo.#ForaRoseanaSarney

@RelveM Foi nas ruas que combatemos juntos em 2010; é nas ruas que continuamos o combate agora. E aqui tb, claro.... #foraroseanasarney

@Fahtma9 Estou com vocês, camaradas do Maranhão! Unidos, jamais seremos vencidos! #foraroseanasarney

@oifranklin Venha! O MA está com pressa e quando a esperança está dispersa, só a verdade nos liberta da oligarquia Sarney#ForaRoseanaSarney

@ThiagoAustriaco Fraude no INCRAM, FAPEMA, greve de professores#foraroseanasarney!

@oifranklin [Não] Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso, o descaso da oligarquia por educação#ForaRoseanaSarney

@JohnCutrim: Se a população do Egito expulsou Mubarak depois de 30 anos, o povo do Maranhão pode tirar Roseana #ForaRoseanaSarney

@prof_geraldo65 vamos derrotar o desgoverno Roseana na prática divulgando e apoiando a greve dos professores. #foraroseanasarney

@dulcecfsaires Hahahha, #foraroseanasarney nos tt br. Adoro. Vamos fazer que nem no egito.

@hiran_alves #ForaRoseanaSarney #ForaRoseanaSarney#ForaRoseanaSarney #ForaRoseanaSarney#ForaRoseanaSarney O MARANHÃO não é da família Sarney.

@laurindapinto Pelo viabilização do "PACTO pelo fim da violência conta as mulheres" no Maranhão #ForaRoseanaSarney

@hiran_alves #ForaRoseanaSarney Precisamos tomar as ruas, galera!!!#ForaRoseanaSarney

@niksondaniel É tempo de romper as amarras e os grilhões colocados no Maranhão pela oligarquia Sarney. Todo Maranhão Grita: #ForaRoseanaSarney

@marciojerry Unir o povo, todos os que combatem o atraso da oligarquia corrupta, patrimonialista, antidemocrática... #ForaRoseanaSarney

@rieldaalves Boa noite a tod@s! Nossos protestos continuam. Vamos as ruas, apoiar a greve dos professores! #foraroseanasarney

@GeorgeJussocial Contra a poluição e o crescimento desordenado das cidades do Maranhão #foraroseanasarney

@Adrikka_unica Piso para os professores ou professores "pisados"? #foraroseanasarney

@Pedro_Rebou A primavera dos povos chegou no oriente médio e na China, já ta na hora de chegar no Maranhão,p/ primavera chegar aqui!= #foraroseanasarney

@GeorgeJussocial A termoeletrica de Eike Batista no Maranhão vai captar água do mar e dessalinizar enquanto isso São Luís esta sedenta#foraroseanasarney

@acordamanos Boa noite #foraRoseanaSarney# Onde está a revolução na Educação?

@hiran_alves #ForaRoseanaSarney os maranhenses não suportam mais tanta corrupção

@hiran_alves #ForaRoseanaSarney Onde está os 72 hospitais prometidos?

@hiran_alves #ForaRoseanaSarney O Povo do Egito está livre. Liberdade agora ao povo do Maranhão

@claudiadurans Valeu Camaradas!!!! Todo apoio a greve dos professores é o 1º passo. #foraroseanasarney

@albertonasser O ditado diz que devemos manter os nossos inimigos por perto, MAS NÃO NO PODER! #foraroseanasarney

@robertokenard @marciojerry e a corrupção tb comprova que o Pt de Macaxeira pulou para o galho do patrimonialismo. #foraroseanasarney

@emilio_pereira Em respeito ao princípios que norteiam o Estado Democrático de Direito: eu digo: #ForaRoseanaSarney!

@edwilson_sousa Tava pra faculdade e nem pude dizer pra nossa querida governadora: #ForaRoseanaSarney!

@argumentos R$ 650 mil o kilomentro de estrada. #foraroseanasarney

@1000zic Vai ter que rolar uma guerra civil pra libertar o Maranhão? #ForaRoseanaSarney

@eloynatan_pstu Twittaco do PSTU #foraroseanasarney eh so o comeco. Nos encontramos nas ruas. Basta de oligarquia!

@JulianiDuarte: Em noite de paredão, o internauta elegeu eliminar a Roseana Sarney #foraroseanasarney

@argumentos Compra de votos. #foraroseanasarney

@dunnebuggy2 Chega de governo pão e circo! Chega de ser sustentado pelo povo! Controlam tudo... #foraroseanasarney

@argumentos Consursados desrespeitados. #foraroseanasarney

@GilDaltro Em solidariedade ao povo maranhense: #ForaRoseanaSarney

terça-feira, 1 de março de 2011

O mapa da violência da juventude e o extermínio da juventude negra no Maranhão *


Foi lançado em Brasília, na quinta feira dia 24, pelo Ministério da Justiça, o Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil. Sob coordenação do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz o estudo demonstra o grau de extermínio porque passa a juventude negra e pobre, moradora das periferias dos centros urbanos, neste pais.

No maranhão o salto do extermínio da juventude pobre e negra foi brutal – mais de 300% de aumento da violência. O que fica explicito no próprio documento em questão:

“Observando mais atentamente as Unidades Federadas, ficam evidentes modos de evolução altamente diferenciados, com extremos que vão do Maranhão, Pará ou Ceará, onde os índices decenais se elevam drasticamente”, ... Nesse sentido, a capital do Maranhão, São Luis, sai do 23º lugar em 1998 para o 11º em 2008.

O Número de Homicídios na População de 15 a 24 anos por UF e Região no Brasil de 1998/2008 demonstra que o Maranhão saiu de 1998 de 74 homicídios para 455 homicídios em 2008, ou seja, um aumento alarmante e assustador, principalmente em se tratando da população negra, como diz o documento:

“Efetivamente, de 2002 a 2008, para a População Total:
• O número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.650, o que representa uma significativa diferença negativa, da ordem de 22,3%.

• Já entre os negros, o número de vítimas de homicídio aumentou de 26.915 para 32.349, o que equivale a um crescimento de 20,2%. Com isso, a brecha que já existia em 2002 cresceu mais ainda e de forma drástica...ou seja, morrem proporcionalmente 67,1% mais negros do que brancos”.

Poderia continuar citando milhares de dados e recortes de raça/classe/gênero que só comprovariam o extermínio da juventude negra e pobre. Mas esses dados podem ser vistos no próprio documento disponibilizado – sem nenhuma vergonha na cara – pelo Ministério da Justiça.

Entretanto, isso evidentemente não causa espanto pra quem vive nas periferias do Maranhão que cotidianamente observam seus jovens sendo vitimados pela ausência completa de políticas publicas na educação, saúde, lazer, cultura, trabalho e o que mais queiramos citar.

Exceção feita, a presença sempre ostensiva dos aparelhos repressivos do Estado como a Policia que não apenas é uma das principais responsáveis diretas pelo assassinato de milhares de jovens – principalmente negros – como são responsáveis indiretos, junto a outros órgãos do Estado na medida que potencializam, a partir de inúmeros métodos, a guerra interna na periferia causando mortes e violência.

No entanto, o que é mais ridículo e trágico e assistir as desculpas esfarrapadas dos órgãos de (in)segurança, em especial do Secretário de Segurança do governo Roseana que atribui o aumento da violência ao uso e difusão das drogas. Mais uma vez – e, essa historia é antiga – se culpa a vítima pela violência que sofre.

Como já escrevemos inúmeras vezes, o Brasil historicamente tem uma política de extermínio da juventude negra que tem suas raízes na escravidão e que se funda teoricamente com o nascimento da Republica que associa princípios escravistas remanescentes da colônia e do império com o discurso raciológico, capitalista e eugenista do início da República.

Era necessário embranquecer este país fenotipicamente e isso deveria ser realizado com qualquer arma que estivesse na mão. A política era clara e habilmente manobrada para conquistar neutralidade e legitimidade.

Como já escrevi em outra oportunidade: “A equação é simples. Retira-se tudo: educação, saúde, esporte, direitos sociais, trabalho, lazer... empurra para a marginalidade....retira-lhes a identidade, o nome, a história, as referências, a dignidade e os renomeia: - bandidos. Depois disso: se mata, se extermina... se acaba com o perigo negro da juventude brasileira. Uma política que tem história e que se renova; que tem múltiplas causas e justificativas; que tem diferentes contextos e territórios. Mas o resultado final é sempre o mesmo: o extermínio da juventude negra”.

E depois ainda tem mais: se culpa as vítimas pelo seu extermínio. Antes, porque não queriam trabalhar, porque eram inferiores...hoje porque são usuários de droga....como se a fabricação, controle e organização do tráfico de droga não tivessem origem nos condomínios de luxo, na elite brasileira e nos gabinetes com ar condicionado como política social e coletiva bem definida de extermínio e incentivo da guerra interna na periferia.

A droga - na sociedade capitalista, com a forma que adquire - não é problema individual; é política coletiva e social de dominação e implantação de um projeto de país.

Precisamos, portanto, de um outro modelo de sociedade e nação, para que os jovens pobres e negros no Brasil possam realmente ter sua juventude conquistada e, assim sendo, não morram muito antes de contribuírem para a construção de uma sociedade igualitária – esse sim o real perigo que assusta as elites desse país.

* Por Rosenverck Estrela - Professor da UFMA e militante do PSTU